segunda-feira, 19 de julho de 2010

Características únicas da Aldeia do Pego - A Alma Pegacha


"A Famosa pia do Pego"

Uma das características que distingue o habitante do Pego (Pegacho) das outras localidades circundantes (e não só), é a pronúncia e o tom de voz.
Quando saímos do Pego, nota-se logo que somos pegachos, pois no fim das palavras, mudamos o “a” para “e”, como são os seguintes exemplos;

·         Piel – pial (poial)
·         Algueder – alguidar
·         Dedel – dedal

Há ainda muitas frases engraçadas, tais como;
·         Ê nã funhe – eu não fui,
·         Se tu fossas e viessas – se tu fosses e viesses,
·         Pão esmarguncédo – pão esmigalhado
·         Tá pechorno – está um tempo abafado,
·         Ê quer um meguélhe/ceguélhe – eu quero um pouco.

Outras das características próprias da Aldeia do Pego são as alcunhas dos seus habitantes.
Muitas vezes, quando as pessoas de fora vêm á Aldeia do Pego á procura de alguém, só pelo alcunho é que estas são conhecidas.
As alcunhas do Pego ficaram imortalizadas pelo poeta popular Pegacho, António Guiomar Correia, que no livro Poetas Populares de Abrantes (ver livro na Biblioteca do Pego) escreveu o seguinte verso;
OS ALCUNHOS DA MINHA TERRA

Rapazes da minha terra
Cada vez têm mais aumento
Os alcunhos que cá estão
Vieram-me ao pensamento

I
Tem a mola e o alfinete
Pregado na Saia Branca
E se o rendas a levanta
Amostra a barra e o preto
Cada este trage á cadete
Vamos passeando na serra
E o borda d´água o peixe ferra
Por não ser pescado pelos pecholas
bugalhos, bolinhas e bolas
Rapazes da minha terra
II
Temos na estrada o varredor
E na Lameira perdelhas
Pelados, carecas e gadelhas
Queimam tabaco superior
Temos um relógio sem mostrador
Que já tem bolor por dentro
Temos um coberta ausente
Vende-se por cinco reis
Num valor de quarenta e dez
Cada vez tem mais aumento
III
Temos cá o burro branco
Diz o xocha e o Bem feito
Por ter no sitio o pau preto
Sem vizinho o palanco
O loba não me mete espanto
Tem o alegria contente
E o António fezes na minha gente
Com boleta e castanha
Mijareda, fedoca e caralhana
Vieram-me ao pensamento.

Mas para alem destes, ainda existem o Seca-adegas, o Espalha Brasas, o Joaquim da Avó, o pistolas, Bacola, bate-chapas, Bateira, Abelheira, Chouriço, Pardal, Badaguitas, Esperto, Calaio, Mata-chibas, Santas, Ceguinhas, rórós, Bajôjas, Gaiatos, Pelachos, Gaiteiros, Pífaros, entre outros.
(parte do texto extraído de um trabalho realizado pelos alunos da escola básica do Pego em 2005)
(Livro: Poetas Populares de Abrantes)

5 comentários:

O Cidadão abt disse...

Olá, ToZi.

Graças à sua anunciação no blogue "Cidadãos por Abrantes", este praça linkou-lhe o ToZiBlogue, juntando-o aos autóctones e ficando d'ôlho em si!

Primeiro inconveniente:
Adicionar as expressões "ToZi" e "ToZiBlogue" ao dicionário informático!!!

Mafalda S. disse...

Muito interessante este post! Recordo que nos tempos de infância, eu e uma prima, por piada, elaborámos um dicionário de "Pegacho - Português". Havia espressões como "cuteda = coutada", uma "saia hipoqueda = saia curta", "na vé? = não vê?"... lol

O Cidadão abt disse...

Ôi, ToZi!

É positivo que haja alguém a preocupar-se em investigar e divulgar o léxico da sua terra.

Culturalmente escrevendo,
o mindrico ou o mirandês deram projecção ás suas regiões.

Unknown disse...

AHAHAH Só tu rapaz!! Gostei em particular o apelido Mata-chibas! loool
Beijinho

vera disse...

atão e os caçareros,os pessetes,os jorvésios,os batatas, os gravissos, os canhotos,os farofas,os lavadelas....bom já não me ocorre mais nenhum, gostei muito de ter encontrado este blog.
muita saude:vera santos....filha do xquim grosso

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